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Como aprendemos?

Temos cerca de 86 bilhões de neurônios, que se comunicam através de sinapses. As sinapses são trocas de informações que ocorrem através de componentes químicos em nosso cérebro. Nos primeiros anos de vida essas sinapses aumentam, fazendo com que uma criança pequena tenha o dobro de sinapses que um adulto. As sinapses são a matéria prima do aprendizado e acontecem continuamente, mesmo que em menor número, mantendo-se a possibilidade de aprendizagem. Ou seja, o aprendizado é sempre possível, em qualquer idade.

Existem períodos da vida em que o cérebro é extremamente capaz de se modificar, essas fases são as janelas de oportunidade, em que o cérebro tem mais facilidade de aprender de acordo com a experiência vivida. Por exemplo, até os 5 anos o cérebro ainda está aprendendo a enxergar, o córtex visual ainda está aprendendo a juntar as imagens dos dois olhos em uma imagem só. Por isso, cirurgias para corrigir o estrabismo devem ser feitas nessa época da vida, em que o cérebro terá maior facilidade de adaptação, para aprender a ver de outra forma. Isso não significa, porém, que após essa janela de oportunidade não será mais possível aprender, poderá apenas ser mais difícil.

Existem fatores importantes no processo de aprendizagem, podendo a genética ser um deles. Mas além da genética, existem outros fatores, sendo os principais: atenção, prática, motivação e método. A motivação é importante, pois ela é que faz com que nos empenhemos na prática. Podemos nos motivar pela dificuldade - nem muito fácil, nem muito difícil -, por reforço positivo, etc. Motivação e prática se complementam, pois quanto mais prática, maior a motivação e quanto maior a motivação, mais nos empenhamos na prática.

Outro fator importante é a oportunidade. Sem experimentar, o não saberemos se gostamos de certa atividade e não teremos motivação para tal. Seja para tocar um instrumento, jogar futebol ou criar hábito de leitura.

Já o método é importante de ser observado, pois nem todos os métodos funcionam para as mesmas coisas ou para todas as pessoas. Cada um de nós aprende de uma forma diferente, seja visual, auditiva ou através da experimentação. Em sala de aula, por exemplo, um mesmo método é passado para todos os estudantes e nem sempre esse método funciona para todos eles. Dessa forma, o que acontece é que se chega a maioria, mas alguns alunos podem ficar para trás, apresentando dificuldades.

A atenção também é importante para a aprendizagem, por ser o método utilizado pelo cérebro para filtrar as informações que chegam até ele e decidir qual será processada. Primeiramente, aquilo em que se presta atenção fica na nossa memória de trabalho e, posteriormente, ganha acesso a outros mecanismos mais duradouros. Por isso, é de extrema importância que se preste atenção naquilo que se quer aprender.

Tende-se a falar na diferença entre os gêneros no que diz respeito as habilidades. Por exemplo, mulheres seriam melhores em expressar seus sentimentos e homens teriam maior facilidade para pensar abstratamente, em raciocínio lógico e matemático. Porém, quando isso é testado, a diferença de habilidade entre os gêneros se mostra mínima, A diferença pode estar na expectativa dos papéis a serem cumpridos socialmente, com as mulheres sendo mais estimuladas a entenderem e falarem sobre seus sentimentos, por exemplo. Por isso, ao se ensinar para crianças, deve-se tratar todas como igualmente capazes de aprender o que se está ensinando, seja o que for, sem distinção de gênero.

A motivação também é outro fator a ser pensado e que é de importância nos processos de aprendizagem. Por exemplo, forçar seu filho a participar de certas atividades, como aprender a tocar algum instrumento ou uma segunda língua, mesmo quando isso não é do interesse da criança. Como estão sendo forçadas, as crianças acabam não se motivando e também não se dedicando, o que prejudica a aprendizagem. Deve-se respeitar os gostos e limitações de cada um, incentivando-os a melhorar cada vez mais naquilo que gostam e no que são bons.

É de extrema importância que se entenda os processos de aprendizagem e como nosso cérebro retém as informações, para que possamos pensar em melhorias, principalmente na área da educação. Se você está estudando para o vestibular ou para um concurso público, por exemplo, é válido tentar entender como você aprende, o que pode otimizar seu estudo. Perceba de que forma você retém melhor as informações: quando leio? Quando escrevo? Quando resolvo exercícios? Através de vídeos? Explicando a matéria para outra pessoa? Além disso, um ambiente calmo, claro e silencioso, levando em consideração que horários você percebe que consegue se concentrar melhor ajudam também. Não se esqueça de fazer pausas, se permitindo a alimentação e o descanso. É mais difícil reter informações quando estamos estressados e cansados.

E lembre-se: não existe idade para aprender. Se você já tem uma idade mais avançada e quer aprender coisas novas, não se prive disso por achar que não é mais capaz: sempre é tempo de aprender, mesmo que não o faça mais tão rapidamente quanto antigamente!

Referência:

A NEUROCIÊNCIA do aprendizado. Direção: Paulo Aspis. Edição e Pós-Produção: Fernando Taliba et al. Luaciana Sperandio. Material Iconográfico: Departamento de biologia da Universidade de Delawar; Departamento de biologia e neurociência da Universidade de Califórnia Riverstate

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